Nova aliança causa desavenças e estranhezas - Com a união, o PT não lança candidato para o senado e Waldir Pires fica sem a candidatura.
Após meses de especulação, passando por cima dos radicais petistas, o casamento mais difícil do que o de Romeu e o de Julieta ou tão bizarro quanto Shrek e Fiona vai acontecer. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou hoje a Itabuna para inaugurar o fornecimento de gás natural através do Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste, deve anunciar a oficialização da aliança “mal-dita” entre o governador Jaques Wagner (PT) e o senador César Borges (PR) para as eleições deste ano.
A parceria entre o velho carlista e o “companheiro” já causa desavenças dentro do PT e estranheza nos eleitores. O acordo já era dado como certo pela cúpula petista nacional, apesar da resistência de setores do PT baiano e da bancada federal da legenda. Dia 22/3, Wagner e César Borges tiveram uma conversa decisiva e, segundo informações de bastidores, “bateram o martelo”: o PT não terá candidato ao Senado – exigência de Borges, ou seja, a candidatura do ex-governador Waldir Pires, lançada pela bancada federal petista, minguou. Dessa forma, a outra vaga ao Senado na chapa do governador fica entre a deputada Lídice da Mata (PSB) e o ex-governador Otto Alencar (PP).
Waldir Pires - No dia 22/3, em entrevista à Rádio Metrópole, Waldir Pires mais uma vez evitou fazer críticas ao governador e a César Borges. Afirmou também que não será candidato de si mesmo. “Não discuto a competência do governador para fazer as composições que pareçam mais importantes. Conversei muito fraternalmente com Wagner. Acho que há possibilidade de termos esse caminho democrático independente de determinados acordos, mas que estão sempre submetidos à ideia de que podemos mudar a natureza da sociedade e possa avançar”, defendeu.
Protesto - O PT radical decidiu jogar suas últimas cartas para tentar evitar a aliança. Depois de protestar publicamente, o grupo ligado ao exgovernador Waldir Pires decidiu espalhar pela cidade panfletos nas ruas com os dizeres: “César bateu nos estudantes e quer derrubar Waldir. Não a César Borges. Senador é Waldir”.
Além disso, uma outra ação disseminou na internet o vídeo em que policiais militares agridem estudantes da Ufba durante uma manifestação contra ACM no governo de Borges. Entre os petistas com mandato, o que mais externou posição contra a aliança foi o deputado estadual e líder do PT na Al-BA, Paulo Rangel. “Não vou trabalhar para eleger carlistas”, esbraveja.
Chapão - César Borges admite que as coligações proporcionais para deputados estaduais e federais é uma preocupação, já que os parlamentares do PR querem também uma aliança com o PT visando às cadeiras da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal. Ou seja, formando um “chapão”.
Já os petistas temem perder vagas com a aliança proporcional e resistem. O deputado federal João Bacelar (PR) diz que a aliança majoritária entre Wagner e Borges está condicionada ao acordo na proporcional. “Só isso pode ameaçar uma composição entre o governador e o senador”, afirma.
Foto montagem: Geraldo Melo
Matéria do Jornal da Metrópole
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