POJUCA: Incentivos e Obras Atraem Indústrias
Por: Jane Soares
Publicação: Revista Valor Econômico, edição de maio de 2011
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Gerusa Laudano, prefeita preocupada com a lei dos royalties em discussão |
Há
50 anos, o engenheiro José Corgosinho de Carvalho Filho escolheu a dedo
o município de Pojuca, a 77 quilômetros de Salvador, para instalar a
Ferbasa, fabricante de ferro cromo e ferro silício. A localização não
podia ser melhor a 40 quilômetros do local de extração do minério,
próximo ao porto de Aratu e de uma área propicia ao plantio de
eucalipto, e a dois quilômetros de uma linha de energia elétrica. Alem
disso, a região é servida pela Ferrovia Centro-Atlantica (FCA), hoje
operada pela Vale, e por estradas ligando a cidade a Salvador e ao
interior do Estado. “ O lugar continua estratégico, mas parte dessas
vantagens se perdeu. O porto, as estradas e a ferrovia não atendem mais à
demanda das empresas instaladas na região”, comenta o
diretor-presidente da Ferbasa, Geraldo de Oliveira Lopes.
Com
faturamento de R$ 673 milhões no ano passado, 49,3% superior ao de
2009, a Ferbasa se transformou na maior fabricante de ligas de ferro
cromo do Brasil e na única produtora integrada das Américas, atuando nas
áreas de mineração, reflorestamento e metalurgia. Segundo dados da
prefeitura, é a maior empregadora de Pojuca, com 2,8 mil funcionários.
E, apesar dos problemas logísticos deve investir R$ 153 milhões neste
ano em melhorias, manutenção de equipamentos e estratégias de redução de
custos. Os investimentos podem crescer se a Ferbasa colocar em pratica o
plano de expandir a produção de ferro liga.
A
exemplo de outras companhias da região, a Ferbasa esta de olho na
sustentabilidade. A mina qual retira o minério é subterrânea, o que
degrada menos o meio ambiente. OS fornos foram equipados com filtros
para evitar a emissão de efluentes sólidos e o uso de energia elétrica
na fabrica de ferro silício faz com que a geração de CO2 seja dez vezes
menor que a dos fabricantes chineses. Alem disso, a Fundação José
Carvalho, para quem o fundador da empresa doou 94% das ações ordinárias
da companhia, mantém sete escolas próprias, reconhecidas pela excelência
do ensino ministrado aos filhos de funcionários e crianças da
comunidade.
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Praça J.J Seabra. Governo investe na qualidade de vida e capacitação da população |
A
melhoria das estradas começou, garante a Bahia Norte, que no ano
passado venceu o leilão para administrar, por 25 anos, o sistema BA 093,
um conjunto de nove rodovias que interligam diversos municípios da
Região Metropolitana de Salvador(RMS), como Pojuca, Mata de São João,
Dias D’avila, Camaçari, Simões Filho, Lauro de Freitas e Candeias. Pelo
Sistema Ba 093 é escoado 60% do Produto Interno(PIB) baiano.
Em
abril, quando começou a operar as praças de pedágios do sistema, a
Bahia Norte, criada pelo consorcio Invepar-Odebrecht, anunciou que foram
investidos R$ 90 milhões em obras emergenciais nas estradas desde o
inicio da concessão. No total, estão previstos invetsimentos de R$ 1,7
bilhão. Afirmou ainda ter iniciado a duplicação de seis quilômetros da
rotula do Ceasa ate o Centro Industrial de Aratu(CIA), na BA 526, um dos
trechos mais movimentados do sistema.Segundo a empresa, foram
repassados aos municípios às margens da rodovias R$ 2,9 milhões em
Impostos sobre Serviços(ISS) e gerados 2 mil empregos diretos. A
estimativa é de repassar cerca de R$ 53 milhões até 2015.
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Locar investirá R$ 160 milhões para melhorar seus guindastes |
A
Locar esta na RMS desde 1999, prestando serviços de transportes de
cargas especiais e içamento de cargas com ajuda de guindastes. Em
Pojuca, a empresa tem contrato com a Petrobras. Entre Camaçari e Pojuca,
a Locar mantém 750 empregados diretos. Segundo o vice-presidente da
empresa, Ricardo Vanderlei, os negócios na região tem crescido em media
10% ao ano, nos últimos cinco anos, e representam de 15% a 20% do
faturamento total da empresa. Alem de iniciar atividades em novos
segmentos, como o de andaimes e içamentos marítimos, a Locar investirá
R$ 160 milhões em 2011 para melhorar a idade média de seus guindastes e
reforças a frota de transporte aéreo. “ A região é muito promissora e
estamos realizando uma força-tarefa para incrementar os negócios
locais”, afirma Vanderlei.
Aproveitando
os incentivos fiscais oferecidos pela prefeitura, a TCI BPO chegou a
Pojuca em 2008, gerando 150 empregos diretos. A empresa que terceiriza
serviços para a área de saúde, como gestão de medicamentos, higienização
de enxoval e digitalização de prontuários médicos, entre outros,
pretende atender também o segmento industrial, especialmente as
indústrias do setor de petróleo. “Estamos avaliando se montamos uma nova
planta em Camaçari ou se ampliamos a de Pojuca, para atender às cidades
vizinhas”, diz o presidente da TCI BPO, Roberto Marinho Filho. Com um
crescimento de 30% ao ano desde 2003, a TCI pretende investir de R$ 1,5
milhões a 1,8 milhões na formação de uma frota própria de veículos e
outros R$ 30 milhões no crescimento orgânico da empresa.
Em
Junho, a Lupatech inaugura sua planta de Pojuca, onde investiu R$ 16
milhões. Instalada na região graças a incentivos fiscais do governo
estadual, na forma de redução de tributos, a empresa atua na manutenção e
limpeza de tubos instalados nos poços de petróleo, retirando resíduos
danosos à natureza como a parafina, e utilizando-os para gerar energia.
Até o fim do ano, irá gerar 60% a 70% da energia necessária para suas
operações com a limpeza de 2 mil tubos por dia. “ A fabrica é totalmente
automatizada e tem equipamentos ultramodernos. Nem em Macae temos a
tecnologia disponível em Pojuca”, diz Nestor Perini, presidente da
Lupatech, que nem bem iniciou a produção e já planeja a expansão. “ A
idéia é multiplicar por quatro a capacidade da base nos próximos cinco
anos”. Faz parte da estratégia da companhia iniciar os trabalhos de
certificação da unidade, assim que ela estiver a plena carga, para gerar
créditos de carbono. A Lupatech é uma das seis empresas instaladas no
parque industrial de 466 mil metros quadrados criado pela prefeitura e
doado para a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e
Comercial(SUDIC), ligada à Secretaria Estadual de Industria, Comercio e
Mineração.
“Acreditamos
que a duplicação da BA 093, que ligara Pojuca a Salvador, irá
beneficiar o município e contribuir para atrair mais empresas para a
cidade”, comenta a prefeita Gerusa Laudano(PSDB). Para capacitar a mão
de obra, a prefeitura fez convênios com entidades como Senai, para
oferecer cursos profissionalizantes na área de petróleo e gás. No ano
passado 280 pessoas foram beneficiadas. A exemplo dos outros municípios
muito dependentes das atividades de extração de petróleo, a lei dos
royalties, em discussão no Congresso Nacional preocupa a prefeita. “Se
não houver modificações, a cidade poderá ter uma perda de 20%”, comenta
Gerusa. Em 2010, entraram nos cofres da prefeitura R$ 76,9 milhões.
Parte destes recursos foi usada em obras, como a construção de um
hospital municipal. Com 90 leitos, deverá ficar pronto até o fim deste
ano.
Contribuição: Expresso Catuense
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